No dia 1° de
janeiro de 1888 o céu azul iluminou a singela estaçãozinha ferroviária do lugar. Todas as construções do complexo
ferroviário cheiravam tinta fresca, iriam ser inauguradas naquele dia por um
visitante ilustre. A grande locomotiva cuspiu fumaça e fogo no alto da serra. O
vagão luxuoso aportou no patamar da estação. O velhinho de cartola e barba
branca, que desceu logo em seguida, despertou vivas na multidão de
ferroviários, que por anos a fio trabalharam na execução daquela obra gigantesca.
O velhinho de barbas brancas era o Imperador D.Pedro II, sua missão naquele dia
era inaugurar o complexo ferroviário de Rodrigo Silva, construído sobre as
velhas fazendas da antiga José Correia. Pouca gente conhece esta cena ou já
ouviu falar nisso, mas assim nasceu oficialmente Rodrigo Silva.
Os primeiros
registros relativos ao local denominado José Correia sempre estão ligados à
Santa Quitéria do Alto da Boa Vista, antiga paragem colonial, hoje abandonada,
nas proximidades de Rodrigo Silva. A mineração de topázio sempre esteve
presente na história do lugar. Viajantes estrangeiros já registravam a exploração
de topázio no início do século XIX. Algumas destas lavras de topázio eram
gigantescas empregando centenas de escravos. Até a chegada dos ferroviários,
José Correia compunha-se de fazendas espalhadas por léguas de distância. A mais
famosa delas é a Fazenda do Fundão, ainda existente. Nesta fazenda nasceu, em
1870, Alfredo Fernandes dos Prazeres personagem importante na construção da
nova cidadezinha ferroviária. Quando no começo da década de 1880 fez-se o
projeto da estrada de ferro ligando o Rio de Janeiro à Ouro Preto, projetou-se
também uma nova paragem a se estabelecer em José Correia , que
teria seu nome mudado para Rodrigo Silva em homenagem a um ministro imperial. O
complexo ferroviário inaugurado em 1888 em volta da estação estendeu-se
posteriormente de um lado a outro, paralelo à estrada de ferro. Alfredo Fernandes
estabeleceu em Rodrigo
Silva casas de comércio e doou o madeiramento para a
construção da Igreja de Santo Antônio, padroeiro do lugar. As mercadorias
chegadas na estação eram então distribuídas pela região, por vários tropeiros a
serviço do jovem fazendeiro.
No começo do
século XX fundou-se a Sociedade Musical Santa Cecília de Rodrigo Silva, símbolo
primeiro da cultura desenvolvida pelos ferroviários. No arquivo desta banda encontram-se
composições feitas pelos ferroviários, demonstração de grande apuro musical. Hoje
nos trilhos de Rodrigo Silva não passam mais trens, mas a cultura do topázio
continua, com a exploração do famoso topázio imperial, único do mundo.
Alex Bohrer
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