quarta-feira, 28 de setembro de 2011

AMARANTINA

Cresceu a cidadezinha aos pés da velha capela, que mais tarde os féis transformariam em uma grande igreja, com duas torres imponentes. Insiste a lenda em dizer que o atual templo, que no século XIX substituiu a antiga capelinha, é réplica, em menor tamanho, da Igreja de São Gonçalo do Amarante, em Portugal. É óbvia a semelhança entre as torres das duas igrejas: a torre mineira deve ter se inspirado na portuguesa, estando aí a provável origem da lenda. Trinta anos atrás, sua capela-mor, infelizmente, foi destruída. A imagem original do santo também se perdeu. Conserva hoje em seu interior, de interesse artístico, dois altares muito antigos (um dos quais, apesar das modificações, guarda características do Estilo Nacional Português, o que bem demonstra sua fatura recuada) e um curioso chafariz.

Pouco distante desta igreja estão as ruínas de uma imensa casa de pedra. Argumenta a tradição popular que o edifício foi construído pelos primeiros bandeirantes, que lá chegaram nos idos do século XVII. Parece realmente, pela análise morfológica, que se trata de estrutura muito antiga. Porém, não foram encontrados documentos acerca da verdadeira origem da ‘Casa Bandeirista’ e, nem tampouco, da própria Amarantina.

Acredita-se que o povoado, propriamente dito, tenha surgido em meados do XVIII, quando a produção agrícola de Cachoeira entrou em seu apogeu, reservando para os agricultores dos baixios o plantio de alguns produtos especiais, cujo terreno encharcado era propício. Esta baixada, porque estava constantemente inundada pelas águas do Rio Maracujá, recebeu o nome de Tijuco. Posteriormente, passou a ser São Gonçalo do Tijuco, em homenagem ao santo vindo de Portugal. Coexistiu, daí em diante, com a denominação de São Gonçalo do Amarante, em lembrança da cidade de origem da imagem. No século XX - Decreto-Lei n°1.058, de 31 de dezembro de 1943 - mudaram-lhe o nome para Amarantina.

Vale a pena ressaltar que o distrito preserva uma festa raríssima, as Cavalhadas em honra a São Gonçalo, patrimônio cultural dos mais interessantes de Ouro Preto.


Alex Bohrer
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