Água encanada em casa era um luxo a que se prestavam poucas fortunas. Em Cachoeira do Campo, somente umas três residências possuíam sistema de abastecimento interno, o resto da população se contentava com o baldeamento diário. Outrora, Cachoeira possuiu cerca de dez chafarizes. Por se localizarem, em algumas situações, no meio de ruas, impedindo a circulação de veículos motorizados, ou mesmo por desuso contínuo, eles foram desaparecendo. Somente três resistiram ao ataque do tempo e dos vândalos. São eles: o Chafariz da Praça, o Chafariz do Corte e o Chafariz de Pe.Afonso.
O Chafariz da Praça (ou dos Cavalos) é o mais antigo de todos. Situa-se na Praça Filipe dos Santos, próximo ao Cruzeiro de Pedra. Possui um grande tanque ladeado de pedra azul e uma bica. Tinha, em outros tempos, dois encaixes de ferro batido onde se apoiavam os baldes d’água. No tanque, os cavalos matavam a sede e descansavam das longas jornadas nas estradas poeirentas de Minas. Seu pináculo de pedra, visto em antigas fotos, infelizmente desapareceu.
O Chafariz do Corte fica nas proximidades da Igreja das Mercês, na encruzilhada do Tombadouro, no lugar chamado Corte. Esta água descia do Tombadouro por uma canalização rústica, feita de pedra e barro cozido, aberta em cortes nos quintais (o que provavelmente deu nome à fonte em questão). Conserva, gravado em pedra, o ano de 1876.
Situado no alto da Ladeira, o Chafariz de Pe.Afonso foi construído em 1877 às expensas do venerando sacerdote. Possui a forma de um pilar onde duas vertentes afloram de lados opostos, correndo a água a um tanque situado na parte inferior e que era usado como bebedouro para animais. Numa das faces do pilar há a enigmática inscrição: “1877 L.J.M.”.
Em 1913, quando foi inaugurada a canalização pública, os chafarizes foram desligados do velho encanamento de pedra e dos arroios coloniais e acoplados ao novo sistema. Com o tempo, entraram em desuso e foram desativados de vez.
Alex Bohrer
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