quarta-feira, 28 de setembro de 2011

A IGREJA DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS DE MIGUEL BURNIER

A construção que mais se destaca em Miguel Burnier é, sem sombra de dúvida, sua bela igreja. Com o ímpeto do crescimento de princípios do século XX, as pequeninas e esparsas capelas do XVIII e XIX não comportaram mais os ofícios sagrados, tamanho o número de fiéis no distrito, que então passava por uma fase de expansão considerável. Coube ao grande empreendedor e benfeitor de Miguel Burnier - Carlos Wigg - o mérito da criação do espaçoso templo do Sagrado Coração de Jesus, ou melhor, o mérito coube à sua mulher, católica fervorosa, Alice da Silveira Wigg. Esta igreja foi inaugurada em 1934 em meio a várias comemorações. Neste mesmo ano, a capelinha de São Julião foi demolida, sendo a imagem, logo em seguida, transportada para o novo edifício.

Passados mais de 70 anos de sua construção, a Igreja do Sagrado Coração de Jesus ainda impressiona pela suntuosidade. A edificação absorveu vários estilos, adaptando-os. Contudo, o estilo que mais se sobressai é o neo-românico, redescoberto desde o século XIX na Europa e transformado, consecutivamente, em modismo internacional. Tal tipologia era grandemente influenciada pelos templos medievais românicos.

Excluindo-se a torre sineira, a fachada da igreja de Burnier lembra, em muito, a estrutura das primeiras basílicas cristãs, erguidas ainda sob influência do paganismo romano. Ao centro, sobressai uma ampla porta em arco pleno, sem, contudo, apresentar as detalhadas e enfeitadas arquivoltas concêntricas típicas do estilo original (especialmente no norte de Portugal). Domina o frontão, uma rosácea lindamente ornamentada, cujo desenho nos remete aos arabescos árabes. Uma cruz tipo céltica encima todo o conjunto.

Internamente, segue o citado estilo basilical, com nave central, naves laterais, abside, transepto cruciforme, arcos plenos etc.


Alex Bohrer
----------------------