Ao viajante que quisesse atingir as Minas do Sabará, na Comarca do Rio das Velhas, vindo de Cachoeira do Campo, Vila Rica ou Capão do Lana, o caminho mais recomendado e utilizado era o que passava por Casa Branca, atingia o Rio das Pedras, o Rio Acima, as Congonhas do Sabará e, finalmente, Sabará. Em 1732 escreveu Francisco Tavares de Brito sobre estes percursos: “seguem-se Pouso dos Ilhéus, Lana e daqui se toma mão esquerda a quem quer ir caminho direto para Vila Real [Vila Real do Sabará] e se vai pela Cachoeira à vista da Casa Branca, buscar a passagem do Garavato”. Há grande possibilidade desta ‘passagem do Garavato’ ser os fundos dos vales desta ampla região que hoje divide os municípios de Itabirito e Ouro Preto.
Para vencer o Rio das Velhas no seu primeiro encontro com a dita estrada, foi erigida, a poucos quilômetros do centro do Arraial da Casa Branca, numa baixada muito peculiar, a famosa Ponte de Ana de Sá. Construída de pedra e madeira (como é até hoje, apesar da introdução em algumas partes de concreto e ferro), esta ponte vence o rio em dois lances: o primeiro leva o madeirame para uma ilha de pedra, natural, bem no meio do aguaceiro; o segundo leva da ilha à outra margem da estrada, já próximo à subida para vencer o vale. Poucos quilômetros acima dessa ponte, em direção a Casa Branca e Soares, ergueu-se, já em princípios do século XVIII, o povoado de Ana de Sá, com sua venda, estalagem e capela.
O topônimo ‘Ana de Sá’, posto que muito antigo, é certamente lembrança dos primeiros habitantes das Minas. Especialmente nesta região abundam nomes pessoais ou sobrenomes na toponímia local: Soares, José Henriques, Maciel, Sérgio, Lana, Mota, Paiva, Fernandes, Catarina Mendes etc.
Tal ponte era passagem obrigatória aos viajantes, tendo recebido a visita e a menção de alguns ilustres personagens do século XIX, como os cientistas naturalistas Auguste de Saint-Hilaire, Spix e Martius, alem de nosso imperador Dom Pedro II.
Alex Bohrer
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