Após o esmagamento da Revolta de Filipe dos Santos, em 1720, o Conde de Assumar propôs que se construíssem em Cachoeira um quartel e um palácio para os governadores de Minas, tendo em vista o ponto estratégico que Cachoeira era por excelência. O quartel seria construído já em 1720 e reconstruído em 1779. O Palácio dos Governadores foi construído em 1730 e ampliado em 1782 pelo governador Dom Rodrigo José de Menezes.
Em Cachoeira ainda pode-se visitar estas construções famosas, como o antigo quartel (hoje Centro Dom Bosco) e as ruínas do Palácio. Nestas ruínas se vêem as imensas muralhas do Lago do Governador (que foi considerado uma das principais obras de engenharia da época). O imenso lago podia armazenar 25 milhões de litros d’água! Possuía até mesmo, singrando suas águas calmas, uma pequena embarcação à vela de 7 metros de comprimento!
Pouco distante do lago - e ainda em uso - está a famosa Ponte do Palácio, construída no século XVIII para dar acesso ao Palácio. Possui 30 metros de comprimento e é toda feita de pedra. Esta ponte antecedia o portão de entrada do palácio e dava início aos caminhos que, de Cachoeira, demandavam à Vila Rica.
Em 1782 o mesmo governador - Dom Rodrigo de Menezes - mandou abrir uma nova e excelente estrada ligando o Palácio da Cachoeira ao de Ouro Preto. Esta estrada substituiu uma mais antiga, construída no cimo da serra, sendo, a partir da sua inauguração, usada como atalho - grande parte do caminho se faz em curva de nível, tornando-o menos árido, sinuoso e cansativo, especialmente entre José Henriques e a Pedra de Amolar .
Uma fantástica obra de engenharia colonial, a estrada de Dom Rodrigo oferece um passeio único pela imponente serra, outrora chamada Serra da Cachoeira (hoje mais comumente conhecida como Serra de Ouro Preto).
Para matar a sede dos viajantes, Dom Rodrigo mandou erguer um belo chafariz, onde ainda hoje se lê:
ESTA FONTE E ESTE CA[MINHO]
MANDOU FAZER O ILL[USTRÍSSIMO] E EX[ENLENTÍSSIMO] S[ENHOR]
D.RODRIGO JOSÉ DE MENEZES
G[OVERNADOR] E CAP[ITÃO] GEN[ERAL]
DESTA CAP[ITANIA] DE M[INAS] G[ERAIS]
EM 1782.
Este chafariz é o mesmo que matou a sede de Dom Pedro II no dia quatro de abril em 1881, quando seguia de Ouro Preto para Cachoeira do Campo e do qual ele deixa registro de próprio punho. Sem dúvida que também saciou a sede dos Inconfidentes de 1789, que usavam esta estrada, então recém construída, cotidianamente.
Tanto o chafariz quanto a nova e bela estrada, são frutos do empreendedorismo de Dom Rodrigo José de Meneses, governador dos mais atuantes do período colonial, dotado de bom senso e verdadeiro tino administrativo. Assim como este Caminho da Cachoeira, construiu outros mais, com fontes, pontes e inscrições. O Chafariz de Dom Rodrigo, contudo, continua sendo o mais conservado dos monumentos erguidos em lembrança ao velho governador.
Alex Bohrer
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