terça-feira, 27 de abril de 2010

O Sino - II

Ó, Ave Maria! Pai Nosso!

Escutem: Rezam-se murmúrios.
Olhem: Lamentos chorosos.
Parem: ali segue o cortejo.
Sintam: vai à ultima morada.

Entre telhados úmidos e tímidos
Entre sacadas puras e frias
Entre portas fechadas e sem cor
Entre mil grades e cruzes

a neblina advinha a paisagem
a neblina embaça a paisagem
a neblina distorce a paisagem
a neblina esconde a paisagem

em montanhas de sonho e ouro.
em montanhas de sono e pedra.
em montanhas de pesadelo e mato.
em montanhas de morte e ferro.

Nesta cidade morta, que eu re-visito
Nesta cidade morta, que eu revisto
Nesta cidade morta, que eu resisto
Nesta cidade morta, que eu reviro

Do alto da velha torre, sob o céu cinzento
Do alto da velha torre, sob o céu de garoa
Do alto da velha torre, sob o céu lacrimoso
Do alto da velha torre, sob o céu tempestuoso

O sino balança o badalo


27/04/2010

Alex Bohrer
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